A EUROPA A SEUS PÉS!

POR CARLOS CARVALHO

FOTOS CRIS ROSADO

DE MILÃO, ITÁLIA

Recco, o Super Campeão

Com a vitória sobre o Jug Dubrovnik por 9x8, o Recco fecha a temporada com a Triplice Coroa - Campeão da Copa Itália, do Nacional Italiano e do Europeu. A tarde de sábado em Milão foi novamente especial, não só pelos dois grandes jogos que aconteceram, mas pela organização perfeita do evento, pela arbitragem dos quatro jogos - que, na minha opinião, foram impecáveis - pela presença de grandes técnicos como Rudic, Campagna, Malara, entre outros, pelos grandes jogadores que acompanharam os jogos - entre os famosos, Sapic, Gaby Hernandez, Silipo, novo técnico do Posilipo, entre outras estrelas - e pela bela participação das quatro torcidas, em especial as do Olympiakos e do Jug, que deram show a parte. Antes da grande final, um belo aperitivo; Partizan e Olympiakos, que, mesmo derrotados nas primeiras partidas, voltaram a piscina e realizaram um grande jogo, decidido somente na prorrogação, com a vantagem final para o Partizan.

Recco x Jug - A Final Duas grandes equipes, comandadas por dois grandes técnicos e impulsionadas por duas torcidas apaixonadas por seus clubes e por este esporte chamado WATER POLO. Tudo pronto; começa o jogo.

O Recco é uma equipe muito forte ofensivamente, mas tem uma deficiência - claro que esta se dá em relação ao nível da equipe, a marcação de centro. Basta olhar as finais do Italiano e agora os dois jogos do Final Four e ver a quantidade de jogadores expulsos, principalmente na marcação dos dois metros. A equipe marca pressão o tempo todo, quase não desce para zona, o que sobrecarrega demais o sistema defensivo. Ontem foram 15 graves contra, 14 homens a mais e um pênalti. Acontece que se a equipe sofre com faltas graves contra, o equilíbrio acontece com a excelente defesa a menos, além de contar com Tempesti, talvez o melhor goleiro da atualidade.
Já no ataque, principalmente com Calcaterra no centro, a equipe é muito forte, pois o mesmo além de ser muito resistente é muito técnico também. A presença do jogador facilita, e muito, os atacantes, pois permite que tenham possibilidades de finalizar de tras e marcar gols - como foi, ontem, o caso de Kasas, Vujasinovic e Felugo, que decidiu a partida.

O Jug é também uma grande equipe. Chegou a Milão para defender o título conquistado em casa, no ano passado, quando fez uma partida final igualmente sensacional contra o próprio Recco.
A equipe alternou a defesa durante todo o jogo - pressão, 2 e 3, 3 e 4 e, em algumas ocasiões fez M. Mas o forte da equipe é o jogo no centro. Muito pesado, levou a defesa do Recco a loucura, pendurando vários jogadores do adversário.

O jogo foi equilibrado durante todo o tempo. As equipes se alternavam no comando do placar. O segundo quarto terminou em 6x6, com o Recco tendo um baixo aproveitamento nos homens a mais - 25%. Enquanto o Jug teve 50% de aproveitamento.

No terceiro quarto com um gol de homem a mais de Midiciale, o Jug abriu vantagem. O Recco empatou com um lindo chute de Kasas. O Jug teve um homem a mais a favor e Tempesti operou um verdadeiro milagre, defendendo uma bola chutada do pau do gol. No contra-ataque a bola foi lançada para Sottani que seguiu até os dois metros adversário e virou a bola em um passe sensacional para Vujasinovic que, com um chute certeiro em cima da cabeça do goleiro, pôs o Recco em vantagem novamente. O terceiro quarto terminou em 8x7.

Deu-se início ao último quarto, a tensão aumentava dos dois lados, várias oportunidades de homens a mais foram desperdiçados. O Jug desperdiçou um pênalti com Boskovic, mas Fatovic empatou a partida em 8x8. Após a igualdade no placar, o Jug pressionou e desperdiçou várias oportunidades - ou melhor, Tempesti impediu por várias vezes que o Jug tivesse vantagem no jogo.

Faltava pouco para o fim do jogo e Felugo, como no dia anterior, acerta um belo chute dos 6m - a bola bate embaixo do travessão, na água e entra. Delírio nas arquibancadas. Vibração geral na torcida do Recco. E aqueles que pensavam que a torcida do Jug fosse parar de incentivar a equipe, se enganaram; aumentaram ainda mais os gritos de incentivo e o barulho era ensurdecedor.

O Jug foi a frente outra vez, forçou de todas as formas. O Recco se defendeu e uma bola passada ao centro foi recuperada pela equipe que, imediatamente, começou a prender a bola e administrar o tempo e a vantagem.

Em desespero, o Jug manda a equipe a frente, fica somente Calcaterra e o marcador croata, além de Kasas e um outro marcador. A bola é passada ao centro e o árbitro dá expulsão a favor do Recco. Delírio no banco, nas arquibancadas, basta segurar a bola nos 30s finais de partida e comemorar o título.

E foi o que aconteceu. Partida encerrada, Comissão técnica na água, baliza virada, jogadores em cima dela, torcida enlouquecida e um gesto inesquecível de esportividade: a torcida do Jug aplaude de pé a própria equipe e canta em sua homenagem. Depois aplaudem os vitoriosos. Imediatamente a torcida do Recco retribui o gesto aplaudindo a equipe derrotada e a torcida adversária. Foi como se um grande espetáculo tivesse terminado, com o reconhecimento do público para as performances impecáveis das estrelas da noite.

Premiação realizada e fim de festa, com direito a chuva de papel picado. E o encontro marcado para o ano que vem.

Bem galera, é isso ai. Terminou minha turnê de Pólo Aquático pela Europa. Já, já estou chegando, com muitas novidades para contar.

Cris e Carlinhos com o carioca/astraliano Pietro e o tricolor Sottani

Antes de terminar, gostaria de agradecer as pessoas que me ajudaram a viabilizar esta viagem, mas acima de tudo, agradecer de coração a receptividade que tive aqui na Europa, em especial a de três famílias. A Família Nico Lippolis, que me acolheu em Genova por 21 dias em casa. Muitíssimo obrigado de coração. A Família Perrone, que me recebeu em Barcelona - Kiko, Ana, Tomáz e Luiza, tenham certeza de que foram dias especiais para mim, os que passei com vocês, muito obrigado pelo carinho. E, por fim, a Família Sottani - Leo, Renata e Vitória, a amizade de vocês para mim é mais uma prova de que no esporte vencer é importante conquistar títulos também mas, na minha opinião, o que de melhor ganhamos do esporte, sem dúvida nenhuma, são as amizades puras e sinceras. Um grande beijo Leo!

É isso! Ao pessoal do Rio de Janeiro; estou com saudades de todos vocês!

Abs,
Carlinhos