Redicecionamento

segunda-feira, 9 de abril de 2007

MUDANÇA DE IDADE NO PÓLO AQUÁTICO

POR CARLOS CARVALHO

Como já foi divulgado aqui no blog, e agora de forma oficial, foram alteradas as idades das categorias Juvenil e Júnior. Na verdade, estas alterações não são novidade; quando comecei a jogar, em 1972, era assim que vigorava.

Naquela época, como agora, existem duas discussões sobre o assunto. A primeira é se ela é boa para o Brasil externamente, ou seja, para a participação do país em competições internacionais. E a segunda, se ela é boa aqui, internamente – se é produtiva na formação dos nossos atletas e nas competições estaduais e nacionais.


Bem, vou tentar colocar o meu pensamento sobre o assunto, juntando o que vi na minha época de atleta, quando as mesmas idades estavam aprovadas, e agora, com a minha experiência de técnico.

Para começar a fazer essa análise, teríamos que saber o motivo que levou a FINA a propor e aprovar tais mudanças. Como sempre a entidade é um pouco “sigilosa” nestes assuntos. Propõe, vota e pronto.

Pelas informações que temos, apenas três países (dos que disputam a modalidade) foram contra Austrália, Nova Zelândia e Canadá. Isso significa que a Europa, Ásia e África apóiam integralmente as mudanças. A Oceania é contra e a América teve uma voz discordante que foi o Canadá.

No caso da Europa, creio que a mudança não afeta muito; vai continuar forte internacionalmente, e internamente o mercado absorve, pois a grande maioria dos campeonatos nacionais são de longa duração com um bom número de clubes participantes. E mais, vários países têm campeonatos de mais de uma divisão, ou seja, esses novos atletas terão sempre onde jogar.


Sinceramente, não conheço a realidade do Pólo Aquático da Ásia, em especial Japão e China, para tecer um comentário mais preciso. Já no caso da África creio não fazer muita diferença, pois o continente mal participa dos campeonatos internacionais - os países, sistematicamente, mesmo classificados, abrem mão do direito de participação; agora mesmo não definiram se vão participar do Mundial Júnior. Dessa forma, não saberemos o porquê do continente aceitar ou negar algo.

E a Oceania e a América? A primeira foi contra e na segunda somente o Canadá se opôs. Por que será? Talvez porque tenham os mesmos problemas. Um número reduzido de praticantes, um campeonato onde não se tem muitas equipes participando, sem longa duração. Em conseqüência, não absorverão a demanda. Vocês não acham muito parecido com o nosso país?


Então, fica a reflexão; eles votaram pensando no que era melhor para eles no aspecto internacional ou interno? Agiram certo? Ainda sobre a América, porque os EUA votaram a favor? Se observarmos a estrutura da modalidade no país teremos algumas pistas.

O EUA possui a maior base de praticantes de Pólo Aquático do mundo. Não nos esqueçamos que no High School os alunos são obrigados a fazer seis meses de Natação e seis de Pólo Aquático. E mais, o trabalho tem continuidade na universidade, onde se realiza o campeonato mais forte deles. Isso significa dizer que, baixar a idade, não fará qualquer diferença.


O problema para os EUA continuará sendo com os atletas acima de 22, 23 anos, pois os mesmos se formam cedo e, se não pertencem à seleção, ficam sem condições de jogar um campeonato forte. Para resolver esta situação os EUA estão tentando implementar um campeonato de “clubes” após o universitário, e estão cada vez mais exportando jogadores. A seleção que jogou na Austrália disputando o Mundial, tem nove jogadores que atuam na Europa – na Espanha (2), Itália (5), Croácia (1) e Grécia (1).

Bem, voltemos ao Brasil. Concordo, em parte, com aqueles que pensam que a mudança foi benéfica ao nosso país, no que diz respeito a nossa Seleção Júnior. Realmente quanto mais baixa a idade, menor é a diferença que nos separa dos grandes da modalidade. Com a nova idade os atletas da seleção estarão no início da faculdade, dificilmente já estarão inseridos no mercado de trabalho, facilitando assim a conciliação estudo–esporte.


É claro que só isso não nos credencia a obter bons resultados em campeonatos internacionais; precisamos formar melhor nossos jogadores, realizar campeonatos internos de melhor qualidade, mais e melhores intercâmbios, entre outras coisas. Mas, no momento, falamos sobre a troca das idades.

Eu creio que a grande discussão é; internamente, foi bom ou não? Se analisarmos friamente, trocaram-se as idades, as encaixamos nas categorias vigentes, e pronto. Se assim for, penso que a alteração terá o efeito contrário, e será muito ruim para o Pólo Aquático Brasileiro. E por quê? Vamos lá, à minha tese.

Com a alteração, jogadores nascidos em 89 e 90, que ainda nem são juniores, passarão automaticamente para a categoria Adulta. Atletas que ainda nem estão formados. O grande problema de termos atletas das idades acima já figurando como adultos, é que uma leva enorme de jogadores pode ficar sem jogar. Basta vermos a quantidade de atletas que temos nas equipes brasileiras nascidos de 80 em diante. E mais, todas as equipes têm atletas, ainda atuando, nascidos na década de 70 e que, com certeza, ainda jogarão por mais três ou quatro anos nos respectivos clubes.

A mudança realizada agora ‘disse’ ao Brasil o seguinte: a cada dois anos vamos despejar uma geração de atletas de 18 anos em suas equipes adultas. Pergunto, o atual Pólo Aquático Brasileiro tem condições de absorver esses atletas? Ou muitos, em razão desta alteração, ao saírem da categoria Júnior irão parar de jogar?

Penso que é em cima deste ponto que temos que analisar e propôr (caso julguemos necessário) sugestões que nos permitam manter esses atletas.


Minhas indagações vêm de encontro à declaração do senhor Peter Kerr – presidente da Australian Water Polo Inc. que disse “o efeito destas mudanças para Austrália será muito ruim pois atletas de 18 anos nada terão a aspirar; o vácuo entre eles e a equipe adulta será muito grande, perderemos muitos atletas para outras modalidades”, e mais, ele reclama que a FINA não discutiu o assunto adequadamente.

Parece-me que quem conhece a realidade do esporte mundialmente tem a mesma opinião, basta ler a resposta do Perroninho a essa pergunta aqui no Blog. Ele disse: “com a exceção da Europa será ruim para todos os outros continentes”.


E aí volto a minha época de jogador. Naquela ocasião, o problema seria o mesmo, se não tivesse sido encontrada uma solução, que foi a criação da categoria Aspirante. A idade limite era de 22 anos, que considero excessiva para os dias de hoje, mas a forma encontrada como solução, foi perfeita.

Assim sendo, penso que deveríamos:
- criar a categoria Aspirante (ou qualquer outra nomenclatura) para atletas nascidos até 21 anos, ou estabelecermos a idade do aspirante a partir do 89.
- aplicar a categoria nacionalmente;
- colocar limite para a participação de atletas da categoria Júnior (o assunto deverá ser votado e definido o que a maioria julgar melhor);
- dar a oportunidade para que, em campeonatos estaduais Sênior, possam participar até duas equipes por clube.

Enfim, são algumas sugestões que, agregadas a outras, podem perfeitamente resolver a situação de maneira benéfica e produtiva. No entanto, precisamos tratar deste assunto o mais breve possível. Se olharmos o Calendário Europeu 2007-2008, veremos que eles já colocaram a mudança de idade no respectivo documento.

Do contrário, se nada fizermos, além da situação criada, de atletas que prematuramente se tornarão adultos, teremos que reduzir a idade dos atletas das categorias Infantil e Infanto-juvenil. A primeira, já a partir do ano que vem, será para nascidos em 97 e 98, ou seja, vão estourar a categoria com 11 anos. E a segunda, que até este ano terminava com atletas de 15 anos, passará a terminar com atletas de 13 anos.

Mais algumas questões para reflexão: será que nossas escolinhas têm praticantes suficientes para alimentar a categoria Infantil todo ano com atletas de 11 anos? Lembro, o que se tem visto nos Festivais Infantis são equipes masculinas, por exemplo, que sequer têm 13 jogadores e que, muitas vezes, são completadas com meninas.

Assim sendo, temos muito que discutir, debater e decidir sobre o efeito das alterações no Pólo Aquático Brasileiro. Então, proponho que comecemos imediatamente, de forma concreta, construtiva e objetiva. Podemos começar aqui no nosso blog, que tal? Vamos lá, manifestem-se!

3 comentários:

Sergio Moraes disse...

Acho boa a idéia da categoria aspirante (até 21 anos). E outra que pode funcionar seria uma outra até 15 anos e uma mixta de iniciantes (que nunca jogaram oficialmente- talvez c/ limite de 14 anos). Poderia ajudar a formar equipes femininas. E equipes Bs para o senior seria fundamental para aproveitar mais jovens. E no futuro uma segunda divisão (com equipes B e times de centros menos desenvolvidos).

Sérgio Moraes

Anônimo disse...

Visando enriquecer o debate sugerimos uma olhada no artigo "Mudança na faixa etária - uma breve análise", postado em março no nosso blog.

Anônimo disse...

em relação a categoria aspirante,
poderiamos retornar com a de estreantes!
e em relação a infantil,acho que deveriamos acabar com a obrigatôriedade de ser federados.

FLUMINENSE PENTA CAMPEÃO TROFÉU BRASIL 2010

FLUMINENSE PENTA CAMPEÃO TROFÉU BRASIL 2010

FLUMINENSE BI CAMPEÃO ESTADUAL JÚNIOR 2010

FLUMINENSE BI CAMPEÃO ESTADUAL JÚNIOR 2010

FLUMINENSE CAMPEÃO ESTADUAL JUVENIL 2010

FLUMINENSE CAMPEÃO ESTADUAL JUVENIL 2010

FLUMINENSE CAMPEÃO ESTADUAL JÚNIOR 2009

FLUMINENSE CAMPEÃO ESTADUAL JÚNIOR 2009

FLUMINENSE CAMPEÃO BRASILEIRO SUB21

FLUMINENSE CAMPEÃO BRASILEIRO SUB21

FLUMINENSE TETRA CAMPEÃO TROFÉU BRASIL 2009

FLUMINENSE TETRA CAMPEÃO TROFÉU BRASIL 2009
Gustavo / Sottani / Cesar / Kiko / Quito / Beto / Shalom / Cubano / Jonas / Bernardo / Gabriel / Vujasinovic / Betinho / Heitor / Thye - Técnico: Carlos Carvalho / Assist: George Chaia

FLUMINENSE CAMPEÃO BRASILEIRO JÚNIOR 2009

FLUMINENSE CAMPEÃO BRASILEIRO JÚNIOR 2009

FLUMINENSE CAMPEÃO DO TROFÉU BRASIL SUB-21 / 2008

FLUMINENSE CAMPEÃO DO TROFÉU BRASIL SUB-21 / 2008
Participaram da campanha: Thyê, Tomás, Yuri, Cubano, Bernardo, Caio, Rodrigo, Secco, Bernardo Reis, Eric, João, Betinho, Renan, Pedro "Skol", Chico Eiras e Tiririca. Técnico Carlos Carvalho e auxiliar Silvio Telles

FLUMINENSE CAMPEÃO BRASILEIRO INFANTO-JUVENIL 2008

FLUMINENSE CAMPEÃO BRASILEIRO INFANTO-JUVENIL 2008
Heróis da conquista: Álvaro, Lucas, Bruno, João, Matheus S., Vítor, Guilherme, Matheus, Haroldo e Guilherme. Técnico Quito

FLUMINENSE CAMPEÃO ESTADUAL JUVENIL 2008

FLUMINENSE CAMPEÃO ESTADUAL JUVENIL 2008
Participaram da Campanha os seguintes atletas: Luan, Tarzan, Yuri, Gaspar, Lucas, Pão, Renan, Guilharme, Chico, Eric, Skol, Gabriel, Alvaro, Bruno, Felipe. Técnico Silvio Telles

FLUMINENSE TRI-CAMPEÃO ESTADUAL ADULTO
2006-2007-2008

FLUMINENSE TRI-CAMPEÃO ESTADUAL ADULTO<br>2006-2007-2008
Heróis da 31ª conquista:Marcelinho, Vicente Henriques, Cesinha, Chaia, Quito, Beto, Shalom, Cubano, Braguinha, Gabriel, Mineiro, Betinho, Caio, Nicolas, Guigo, Alfredo e Thyê. Técnico Carlos Carvalho

FLUMINENSE TRI-CAMPEÃO DA TAÇA BRASIL 2008

FLUMINENSE TRI-CAMPEÃO DA TAÇA BRASIL 2008
Heróis da conquista: Marcelinho, Vicente Henriques, Cesinha, Chaia, Quito, Beto Seabra, Shalom, Cubano, Braguinha, Gabriel, Mineiro, Betinho, Caio. Técnico Carlos Carvalho e assistente Silvio Telles

FLUMINENSE CAMPEÃO DO TROFÉU BRASIL/CORREIOS 2007

FLUMINENSE CAMPEÃO DO TROFÉU BRASIL/CORREIOS 2007
Nossos Heróis: Marcelinho, Paulinho Lacativa, Cesinha, Rick, Mineiro, Beto Seabra, Shalom, Brett, Caio, Rafael Murad, Nicolas, Betinho, Chaia, Thye Mattos, Alfredo soares, Rodrigo Braga, Renan Luna e Gabriel Secco.

FLUMINENSE BI-CAMPEÃO ESTADUAL ADULTO 2007

FLUMINENSE BI-CAMPEÃO ESTADUAL ADULTO 2007
Heróis da 30ª conquista: Marcelinho, Paulinho Lacativa, Cesinha, Rick, Mineiro, Beto Seabra, Shalom, Brett, Caio, Rafael Murad, Nicolas, Betinho, Chaia, Thye Mattos, Alfredo soares, Rodrigo Braga, Renan Luna e Gabriel Secco.

FLUMINENSE CAMPEÃO DA III TAÇA BRASIL 2007

FLUMINENSE CAMPEÃO DA III TAÇA BRASIL 2007
Participaram da competição: Marcelinho, Mineiro, Murad, Cesinha, Caio, Shalom, Quito, Beto Seabra, Betinho, Nicolas, Renan, Gabriel Secco, Rodrigo "Guigo", Rodrigo Alves, Chaia, Liliu, Alfredo e Paulinho Lacativa

FLUMINENSE CAMPEÃO DO TROFÉU JOÃO HAVELANGE 2006

FLUMINENSE CAMPEÃO DO TROFÉU JOÃO HAVELANGE 2006

FLUMINENSE CAMPEÃO DO TROFÉU BRASIL 2006

FLUMINENSE CAMPEÃO DO TROFÉU BRASIL 2006

FLUMINENSE CAMPEÃO DA COPA BRASIL JÚNIOR 2006

FLUMINENSE CAMPEÃO DA COPA BRASIL JÚNIOR 2006
Esq para direita: Nicolas, Carlinhos, Bruno, Elcio, Iargo, Daniel, Alfredo, Rodrigo, Tomás, Caio, Renan, Thyê, João, Betinho, Liliu e o técnico Silvio Telles

FLUMINENSE CAMPEÃO
II FESTIVAL ESTADUAL INFANTIL 2006

FLUMINENSE CAMPEÃO<br>II FESTIVAL ESTADUAL INFANTIL 2006
Esq. para dir.: Natália, Amanda, Luca, Felipe, Gabriel, Luiza Moraes, Rafael "pão de queijo", Pedro "skol", Eric, Chico, Debise, Daniel "gaspar" e o técnico André "Quito" Raposo

FLUMINENSE CAMPEÃO DO TROFÉU JOÃO HAVELANGE 2003

FLUMINENSE CAMPEÃO DO TROFÉU JOÃO HAVELANGE 2003

FLUMINENSE CAMPEÃO ESTADUAL 1978
Esta equipe foi CAMPEÃ seis vezes seguidas

FLUMINENSE CAMPEÃO ESTADUAL 1978<br>Esta equipe foi CAMPEÃ seis vezes seguidas
Os campeões: Da esquerda para a direita: Perrone, Aluizio, George, Álvaro e o tecnico Claudino: agachados: Jair, Eduardo, Luiz Ricardo e Schimidt.

FLUMINENSE CAMPEÃO BRASILEIRO 1968

FLUMINENSE CAMPEÃO BRASILEIRO 1968

FLUMINENSE BI-CAMPEÃO ESTADUAL INVICTO 1953/1954

FLUMINENSE BI-CAMPEÃO ESTADUAL INVICTO 1953/1954

ÍDOLOS DO WATER POLO HOMENAGEADOS NO FLU
06Out2007